quarta-feira, 13 de julho de 2011

O conceito da média 7

Quem nunca se frustrou com a dita média 7? Quem nunca se questionou que sabia, que tinha estudado, mas na hora da nota ficou abaixo da média 7? Quem nunca se perguntou por que tem existir prova se eu posso provar que eu sei de outra forma?


O primeiro exemplo de se dar nota a papéis dos estudantes ocorreu na Universidade de Cambridge, em 1792, por sugestão de um tutor chamado William Farish. Sua ideia de que um valor quantitativo deveria ser atribuído aos pensamentos humanos foi um grande passo em direção à construção de um conceito matemático de realidade. No entanto, cabe-nos questionar tal decisão: “Se se pode dar um número à qualidade de pensamento, então, pode-se atribuir um número à qualidade do amor, da beleza, do ódio, da criatividade, da inteligência, até mesmo da sanidade”. Alguém já ouviu falar: Dê uma nota de 1 a 10 para a minha roupa? Que nota você dá ao meu novo namorado? Ou seja, o conceito já se internalizou de tal forma que damos sim, a maldita nota para tudo.


Quando Galileu disse que a linguagem da natureza humana estava escrita na matemática, ele não tencionava incluir o sentimento humano, a realização, a perspicácia. Mas infelizmente todo mundo acha mais fácil não? Vamos fazer uma prova com 10 questões, se você acertar 7, ótimo, você não é burro e está passado. Agora, caso contrário, vamos refazer, caso não der certo, vamos repetir o ano todo. Você não passou em matemática, nas outras foi bem. Mas infelizmente terá que repetir o ano, a matemática que foi mal, e todas as outras 15 matérias que foi bem terão que ser refeitas novamente.

Tem escolas que avançam na fórmula: Prova 1+Prova2=60%+Trabalhos=40%, depois faz a média e vê no que dá, ou lança no sistema, porque agora as escolas têm sistemas computadorizados, vejam que avanço lindo, e pronto, o resultado do seu sucesso ou do seu fracasso está lá. Pasmem.

Na escola, esses alunos são os burros, os atrasados, os problemáticos que ninguém quer por perto, querem é distância, jogam ele daqui para lá como se fosse uma bola de pingue-pongue. E se o caso for grave mandam para outra escola resolver o problema, e esta escola manda para outra e o pobre coitado, vai crescendo e reprovando no fracasso escolar, com 18 anos na 8ª série e os pedagogos, psicólogos, diretores e professores só ficam com pena do grandão que passa a ser o centro das atenções dos que tem a metade do seu tamanho e da sua idade.

As regras do sistema educacional e respectivamente “tradicional” de ensino, continuam com o conceito antigo de mais de 300 anos. Temos professores do século XX, ensinando alunos do séc. XXI, e com metodologias do séc. XIX. É lançamento de notas, cumprimento de tabelas, para que ele seja um ótimo decorador de conceitos porque precisará “saber” de tudo isso no maldito vestibular. Ai faz vestibular para psicologia mas tem que saber tudo de física, química e matemática que nunca vai usar. Ai faz vestibular para Letras-Português, mas tem que ter decorado tudo de biologia.

Será que nunca ninguém lá de cima pensou nisso? Ah, claro que pensaram, agora as coisas tem que ser integralizadas, tudo deve ser interdisciplinar, questões multidisciplinares. Mas na escola cada um continua dando a sua disciplina. Sabe como é que fazem a integração? O professor de matemática manda fazer uma maquete doida cheia de cálculos e proporções e a professora de artes dá nota pela criatividade, jogo de cores e qualidade estética. É simples assim. E por falar no pessoal lá de cima, muitos nunca deram aula, muitos nunca terminaram uma faculdade, só assumem cargos políticos para ditar regras ou melhor, fazer as antigas vigorarem. É uma pena.


Enquanto isso os paus-mandados só cumprem as exigências do MEC, temos que seguir o curriculum. E devem, mas deveriam, além de seguir o currículo, capacitar sua equipe para repensar a educação, para entender a juventude ora transviada, ora enfeitiçada pelas feitiçarias tecnológicas, para que aprendam a aprender, e não a decorar, capacitar para saber valorizar, para ser pai, mãe, psicólogo, amigo dos seus alunos e não um pedestal que só fala, que é odiado, que só empurra conteúdo goela abaixo. Capacitar para saber lidar com o diferente, com o burro, com o que não aprende. Capacitar para fazer seus alunos amarem o que estão aprendendo. Capacitar para relacionar a prática e a importância do que estão vendo. Capacitar para falar a mesma linguagem do aluno, para ensinar com tecnologia, com amor, com prazer, com emoção, com motivação.

A maioria dos professores tem conhecimento, tem formação nas suas áreas. Mas não tem formação pedagógica e muito menos psicológica para estar numa sala de aula. Sala de aula é conflito, é realização, é democracia, é troca, é humildade acima de tudo. Coisa que pouco professor tem e muito menos sabe o que é.

Até quando teremos professores assim? Até quando a nota será o veredicto final? Até quando professores comandarão salas de aula como capitães do exército comandam seus soldados? Até quando professores de primário amarão somente seus alunos; de ensino fundamental amarão somente suas disciplinas; e de ensino superior amarão apenas a si próprios?

Infelizmente fico devendo as respostas. Mas me junto a quem está disposto a mudar e fazer diferente. A aprender para ensinar e a ensinar para aprender!



Um comentário:

  1. Esse é o tipo de professor q a gente tem q ter em uma sala de aula,inteligente,com personalidade,e carrinho.TE AMO!

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